Benedicto Wilfredo Monteiro
nasceu na cidade de Alenquer em 1º de março de 1924 e faleceu em Belém no dia
15 de junho de 2008. Seus amigos o chamavam de Bené. Foi escritor, jornalista,
advogado e político.
Benedicto Monteiro escreveu o
primeiro romance voltado para a realidade amazônica. Atuou no Ministério
Público e chegou a ser Procurador Geral do Estado. Na política, foi vereador em
Alenquer, deputado estadual por duas vezes e deputado federal.
Benedito Monteiro foi cassado durante
o Golpe Militar de 1964 quando era Secretário de Estado de Obras, Terras e
Águas do Pará. Foi membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto
Histórico e Geográfico do Pará e da Academia Paraense de Direito.
Principais obras:
-O carro dos milagres, 10ª edição, 1990.
-Bandeira branca, 1945;
-Discurso sobre a corda, 1994;
-A terceira margem, 1983;
-O Minossauro, 3ª edição, 1990;
-Verde vago mundo, 3ª edição, 1991;
-Maria de todos os rios, 1992;
-A terceira dimensão da mulher, 2002;
-O homem rio, 2008.
O discurso da corda
A corda
não é a espia áspera
puxada por guinchos
ou mãos enfiadas
em manoplas
A corda não é o cabo parado
enroscado como cobra
na defensa
do ancorado barco
puxada por guinchos
ou mãos enfiadas
em manoplas
A corda não é o cabo parado
enroscado como cobra
na defensa
do ancorado barco
que fecha
a rede
e prende o peixe
que amarra o homem
e extirpa o tempo
e prende o peixe
que amarra o homem
e extirpa o tempo
A corda
não é
a que puxa o barco para a terra
que arranca o peixe
de dentro d’agua
que lança no rio
a perfídia
da isca inerme
a que puxa o barco para a terra
que arranca o peixe
de dentro d’agua
que lança no rio
a perfídia
da isca inerme
A corda
une e desune os corpos
ela desenha e redesenha a massa
Ela
exercita o ritmo
A corda é
a própria vida
ela desenha e redesenha a massa
Ela
exercita o ritmo
A corda é
a própria vida
Na
corda
tudo se confunde
a corda-massa
a massa-corda
o corpo e a alma
a corda é a própria massa
a corda é o mar
o rio
os rios
uma terrível correnteza
de transe e êxtase
tudo se confunde
a corda-massa
a massa-corda
o corpo e a alma
a corda é a própria massa
a corda é o mar
o rio
os rios
uma terrível correnteza
de transe e êxtase
A corda
é uma oração de pés e braços
de mãos seguras
em corpo-a-corpo e desespero
mil almas amarradas e libertas
unidas e desunidas em mil cores
mil caras de mil partes
mais de mil portes
mais de mil faces
mais de mil preces
mais de mil pedidos explodindo em êxtase
explodindo em olhos
em poros, pelos e apelos
das mãos, dos pés, dos braços
que se afastam
e que se abraçam
é uma oração de pés e braços
de mãos seguras
em corpo-a-corpo e desespero
mil almas amarradas e libertas
unidas e desunidas em mil cores
mil caras de mil partes
mais de mil portes
mais de mil faces
mais de mil preces
mais de mil pedidos explodindo em êxtase
explodindo em olhos
em poros, pelos e apelos
das mãos, dos pés, dos braços
que se afastam
e que se abraçam
A corda
é a única oração rezada com o corpo todo
com toda a força de uma luta
A corda é um puxirum
um mutirão
uma greve e um assalto
um assalto-súplica
um assalto-reza
uma reza-luta
é a única oração rezada com o corpo todo
com toda a força de uma luta
A corda é um puxirum
um mutirão
uma greve e um assalto
um assalto-súplica
um assalto-reza
uma reza-luta
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário!